segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Sidarta


Um romance, uma ficção, uma utopia. Uma vida narrada por si mesmo, uma autobiografia, uma experiência transcendental. Características de Sidarta, escrito em 1922 por Herman Hesse. 

O romance, alusivo ao mestre ascenso Sidarta Gautami, o Budha, trata com leveza e realismo as sutilezas energéticas a que estão expostos os seres durante a experiência humana. 

A personagem central da história é um garoto nascido em família abastada, porém voltado aos costumes religiosos de meditação e busca do Eu superior. Ainda criança Sidarta decide deixar a família para trilhar a senda espiritual e alguns anos depois, no início de sua vida adulta, ele novamente muda de rumo e decide buscar a si mesmo junto ao homem comum, vivendo uma vida comum, de preocupações e rotinas comuns. 

Luxúria, dinheiro, jogos e distrações ébrias fazem parte da nova vida de Sidarta, que durante algumas décadas julgou-se capaz de assimilar este tipo de vida em detrimento de escutar a voz de sua centelha divina. Funcionou, até uma certa noite quando, sentindo-se verdadeiramente morto, optou por abandonar novamente sua “vida”, deixando para trás as propriedades, os negócios e a amante. 

Voltando a viver como um renunciante às coisas do mundo, Sidarta percebeu o que lhe faltava e encontrou o equilíbrio entre o mundano e o divino, entre o material e o espiritual, entre o ter e o ser. 

Percebe que todas as doutrinas são falhas, a partir da constatação de que não se pode amar palavras e passa a abençoar a tudo o que existe. Constata a existência do tempo presente como sendo o único real e encontra-se, finalmente, a partir da reintegração com a Mãe Natureza.

Para mim, Sidarta é mais do que um livro sobre curiosidades do que venha a ser a prática do auto-conhecimento sob a ótica da análise entre a alma e a matéria e tudo o que cada um desses cenários envolve. Sidarta é, por si só, um objeto de estudo nesse caminho, uma sugestão ao perdão de si mesmo, um convite à expansão da consciência e um retrato da integração do eu à unidade, resultando naquilo que se chama de paz.


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Quem Mexeu no meu Queijo


Saiamos da zona, gente!

A partir deste momento sua vida vai mudar, drasticamente. Você vai ver seu castelo desmoronar diante de seus olhos com todos os pertences, nada há que você possa fazer, exceto...

Este é o ponto crucial de Quem mexeu no Meu Queijo. O livro tem menos de 40 páginas, dá para ler brincando, e a história, embora apresente caráter pueril, é muito séria. Ela nos convida (com todo o respeito) a sair da zona. A zona de conforto, aquele cantinho da nossa casa escuro e úmido, mas tão familiar que chega quase a ser aconchegante! Se você costuma dizer frases como “ruim com ele, pior sem ele”, cuidado: você é um inquilino da zona em potencial!

A mudança é necessária à transformação do ser e por mais que tentemos resistir, este é o nosso caminho, que requer equilíbrio e (muita!) constância. É difícil largar hábitos, por mais autodestrutivos que sejam, encarar situações desastrosas, no mais, superar desafios. Entretanto, as descobertas que surgirão adiante são compensadoras, certamente.

Petisco: Metamorfose Ambulante, de Raul Seixas.




domingo, 1 de dezembro de 2013

Paramahansa Yogananda – Autobiografia de um Iogue


Quanta beleza carregam as 500 páginas da autobiografia de Paramahansa Yogananda. Desconsiderando o número de páginas, percebe-se a fluidez que a narrativa apresenta: delicado nas palavras, rico em detalhes e permeado de bom-humor, esse mestre retrata com clareza sua trajetória na Terra, como ativo missionário do Divino.

Durante a narrativa, notamos que em nenhum momento ele, que teve uma passagem incrível por este planeta, projeta-se como alguém diferente ou superior aos demais, revelando humildade e abnegação a cumprir seu caminho guiado pelo Alto, trazendo ao Ocidente a kriya yoga, verdadeiro portal para acesso a... nós mesmos.

A obra, deliciosa, nos deixa ao final com “gostinho de quero mais” e fatalmente será relida por quem teve um primeiro contato, pois tudo o que é bom e verdadeiro merece permanecer dentro de nós, nos impulsionando adiante com mais momentos de serenidade e aceitação de nossa condição de eternos aprendizes.

Petisco: om mani padme hum, mantra que significa "saúdo a joia do lótus". Bom apetite!

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O Alienista


Nada aquém de brilhante, nada além de perfeito. Tal é a definição das obras de Machado de Assis, em minha opinião. A riqueza de vocabulário, aliada ao mais perfeito equilíbrio com a clareza das narrativas levam-me à conclusão – ainda que desconheça todos os autores clássicos brasileiros – de que este certamente abre vantagem sobre qualquer outro, em se tratando de qualidade literária.

O Alienista, conto magnífico, elaborado sobre questionamentos acerca de sanidade mental, apresenta características analíticas que vão desde hábitos diários a questões morais: pessoas de conduta exemplar são realmente “normais”? Manias aparentes e às vezes desconcertantes atos poderiam atestar insanidade?

A obra encerra em si o poder de nos levar a refletir sobre vaidades, Ciência, crenças e obviamente, a linha tênue que separa insanidade de loucura. Uma delícia que se saboreia em poucas horas, cuja digestão certamente leva muito mais tempo, graças à irrecusável entrega a que Machado de Assis nos submete.

Petisco: Maluco Beleza, de Raul Seixas.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Espécime


Mentalidade débil é a desses ditos homens,
Que subjugam o espécime da mesma espécie
Pela simples diferença de gênero.


Mentalidade débil desse dito Homo sapiens,
Que sente-se Sapiens sapiens e consciente de si,
Porém febril para saciar um desejo e obter um prazer efêmero.


"A gente faz o que sente".
Sentido ancestral, primitivo;
Selvagem, banal, ridículo.


Trazer à tona certos instintos é mascarar e deixar de evoluir.
E o macaco leva a culpa de uma mente pensante que em nada mais pensa
Além de se satisfazer pela carne, pelo sangue, pela morte e pela falta de raciocínio.


Mentalidade débil a do homem moderno,
Que como diria o poeta "sonha monumentos e só ruínas semeia".
Ruínas de ligas metálicas flexíveis, feitas em laboratório
O fazem sentir-se alquimista, exercer o poder oratório, notório...
Ilusório.


Nada sabem pois nada buscam saber,
Pois só pensam em se esconder.
Nada obtêm pois nada sabem reter.
Condenados infelizes,
Esses homens que vivem no "ter".







quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Minhas Tardes com Margueritte


No Meio do Caminho

Viver é estar sempre no meio do caminho. Pois como definir o ”chegar lá”, se estamos sempre buscando algo além? Tão logo quanto conquistamos um objetivo, surge na sequência outro e daí seguimos novamente: um novo desafio, um novo fôlego, uma nova vivência.

Viver é isso. É estar disposto a aprender sempre, é ser gentil sem se deixar desanimar pelo o que tantos outros possam dizer, é ser franco com o outro, mas sobretudo consigo mesmo.

Minhas Tardes com Margueritte é um filme que mostra isso: a beleza da vida, a clareza dos fatos e a complexidade das situações que criamos enquanto seguimos o caminho. Com a tradicional maestria poética dos franceses.



Petisco? 

sábado, 2 de novembro de 2013

A Mais Nova Estrela


Inaugurando a seção "Poemas": A Mais Nova Estrela. Os petiscos ficam sempre ao gosto do leitor.


A MAIS NOVA ESTRELA


Um servidor,

Um trabalhador,
Um homem.

Um pecador,

Um bebedor,
Um homem.

Merecedor

De muito amor.
Que homem!

A nós a dor,

Por ele se for,
Aquele homem.

Hoje o Céu recebe uma nova estrela

Que mora bem pertinho da Lua.
Sinto-me grata de qualquer maneira
Por admirá-la, nitidamente,
De qualquer ponto desta rua.

Porém retorno ao mundo carnal,

Onde o inferno é mais perto que o Céu.
Na esperança de que um dia afinal,
Eu também vá retirar esse véu. 

domingo, 7 de abril de 2013

Sem Limites


Drogas só servem para uma coisa: descobrir o quanto é bom deixar de usá-las. Posso dizer que nunca utilizei de substâncias psicoativas (sem menção a mérito ou demérito, enquadramento em artigo criminal ou apologia), mas já conheci o abismo da falta de autoconfiança. A falta de autoconfiança torna o ser um fraco, com um potencial autodestrutivo imenso e geralmente exercido, gerando danos absurdamente significativos e muita vez até irreparáveis.

Quando nos voltamos ao nosso interior e nos rebuscamos, descobrimos um Universo que é todo nosso e está ali: pronto para ser compartilhado na mesma medida em que é desbravado. Bobagem pensar em limitações, quando temos a ciência de que podemos integrar o Cosmo, usando de nossa força criativa e transpondo os limites da matéria.

O segredo está ao alcance de todos, mas qual é o segredo? Simples: você é o segredo. Você é o seu pior algoz nos dias em que se sabota, mas pode ser e certamente é o seu maior incentivo, quando passa a ser parceiro de si mesmo. O que está esperando? Aquele trem que nunca chega? Aquela pessoa que jamais te amou? Aquela promoção que talvez você nem mereça? Você já parou para pensar se realmente deseja uma mudança? Se realmente é capaz de amar a ponto de confiar sua magia a outra pessoa e se entregar? Você trabalha o suficientemente em quantidade e em qualidade para progredir profissionalmente? Você diz ”por favor,” ou só espera um “obrigado”?

Da mesma forma que podemos nos destruir, podemos crescer dentro de nós mesmos e alcançar horizontes diferentes, novos, porém acessíveis. Tudo está dentro, de dentro para fora. Expandir-se não é um dom: é uma conquista, um aprendizado, resultado de autoconhecimento e busca de aprimoramento. É amor: amor à vida, amor aos seres viventes, amor à energia.

Livros são incapazes de deixar alguém inteligente: mas pessoas inteligentes são capazes de aprender com eles.

Petisco: o próprio filme: Sem Limites. Recomendadíssimo!

domingo, 31 de março de 2013

Fernão Capelo Gaivota


Saia do padrão e tente ir além: serás banido.
Busque se conhecer e voar mais alto: serás punido.

Viver com deleite, como é bonito!
Estás além do que é dito, além do perigo.

Nesse instante você se sente plano, vivo,
Percebe que a vida é grande, como o infinito.
Deixaste a pequenez, deixaste de estar aflito,
Descobre-se como alguém, como seu próprio amigo.



Difícil escolher um petisco a altura, logo, fiquemos com a trilha de Neil Diamond, feita para o filme homônimo, baseado em Fernão Capelo Gaivota, de Richard Bach.