terça-feira, 14 de maio de 2019

Cansando das redes sociais



Sou do tempo em que as fotos eram sem filtro, sem tela para ver como iam ficar, sem câmera frontal e por consequência, sem efeito embelezador.

Naquele tempo a gente registrava momentos que queríamos relembrar depois, então a gente terminava de bater todas as poses do filme, revelava ele e se divertia ou frustrava vendo olhos que ficaram vermelhos ou que saíram fechados, fotos tremidas, manchas, sorrisos e sobriedades.

Aqueles papeis, as fotografias, eram colocados em álbuns e algumas tinham o destaque ao irem parar em algum porta-retrato espalhado pela nossa casa, pela casa da avó.

As fotos agora são objetos para se legendar e divulgar por aí, sem permanência, sem tanta lembrança, sem cultivo de relações ou de memória. Sem vida manifestada, apenas simulada para que se poste e alguém curta ou comente com símbolos de carinhas (uau, que "comunicação" empolgante!)

Hoje pedi para a minha mãe tirar essa foto, do nada, quando saía para o treino. Tive um carinho especial por ela porque vi nesta foto muitas paixões e já logo pensei numa legenda: Quantas paixões cabem numa foto?" Mas aprofundei a reflexão: "É uma foto memorável, cheia de significados para mim! Não pode ficar perdida num mero servidor de rede social. É o símbolo de uma época!"

Então eu refleti mais ainda, sobre o que mudou tanto que nos fez transformar um mesmo objeto, que antes era tão recheado e permanente, em algo totalmente fugaz e sem sentido. A imagem não precisa ter efeito para os outros, ela só precisa ser valiosa para você. Então qual o sentido de se ter um álbum bidimensional público? Uma galeria de momentos seus que você deixa pra trás no momento em que publica e que, no fim das contas, ninguém mais vai dar muita importância?

Desconfio que meus tempos por essas redes estão com os dias contados. Depois de tanto esvaziar a importância dos meus momentos vividos ou sonhados, percebo que a inutilidade desses ambientes está, enfim, sendo revelada.