terça-feira, 13 de março de 2018

Aceitar a tristeza para ter mais alegria


Vivemos numa sociedade em que a tristeza é marginalizada e a busca pela satisfação constante é fomentada de tal maneira como se fosse indispensável estar o tempo todo feliz... e como se fosse possível. Logo, a existência da tristeza ainda é contestada, porém sua utilidade é inegável.

Estar triste é indesejado, ninguém deseja se sentir mal, mas assim como todos os outros sentimentos, ficar triste é algo que surge sem que a gente escolha, algo como uma reação instintiva a determinado estímulo associado ao estado emocional do momento em que ele, o estímulo, ocorre.

Você não precisa ser adepto à ideia de forçar um comportamento, afirmando o tempo todo que é feliz para tentar se convencer. Não é bem assim que funciona; existem inúmeros fatores internos tão emaranhados que nos impede de simplesmente alterar o humor a partir de um único comando.

O que também não justifica prolongar o sentimento de tristeza emendando numa autopiedade, dependência afetiva, abusos de substâncias químicas e atitudes intempestivas que podem trazer danos maiores e permanentes.

Tudo é de se sentir e de se viver. Alegria e tristeza podem ser antagônicas, mas são complementares. Assim como todos os opostos da Natureza. Quando a gente se permite aceitar no momento em que a tristeza chega, progressivamente, os momentos de alegria tendem a ser mais lúcidos também.

Petisco: Ludovico Einaudi, Waterways. Uma belíssima música instrumental que faz a gente passear por dentro de nós mesmos.

Olhando para o céu


Quando eu olho pro céu eu vejo o quanto toda a paisagem embaixo é pequena.

Isso me conforta, me contenta e me anima. Saber que toda essa bagunça é ínfima perto de todo o Todo que existe. 

A gente vê tanta vida ir embora que às vezes parece normal viver meio morto... Mas não é. Nem normal, nem digno, nem preciso.

Na verdade viver meio morto é uma perda de tempo. Porque passado o momento de assimilação do aprendizado pela quase morte, sabemos que o ar pode voltar a preencher nossos pulmões, então por que não sentir isso também?

Respire fundo agora. Mesmo.

Olhar pro céu e ver as nuvens deslizando lentas e constantes nos faz pensar que nós, tantas vezes nos sentindo tão esfacelados, também podemos seguir nossos caminhos com a mesma integridade que a Natureza nos demonstra, porque somos parte dela.

Este mundo foi construído, mas fazemos parte é do céu.

Petisco: We Are All Made Of Stars - Moby

terça-feira, 6 de março de 2018

Sois nuvens


Independente do quão densa pareça a neblina, eu sei que existe um Sol atrás das nuvens.

Hoje acordei e a manhã estava assim, com o céu todo encoberto, cinza bem clarinho, tão sutil que eu pensei que estava garoando.

Eu particularmente acho um charme ver o dia nublado, porque é como se o Sol estivesse discreto, sem pretensão de chegar com tudo a ponto de incomodar as pessoas. Ele está lá, afinal o dia está claro, mas não precisamos sofrer por causa disso e queimar nossa pele!

Com a gente também é assim: nós temos luz, tanta e tão forte que mal podemos acreditar quando algo inexplicavelmente fantástico acontece! Mas a gente esquece.

Tem dia que a gente esquece da luz, do Sol, da vida e só enxerga névoa, cinza, neblina. O dia claro é opaco ou o Sol que brilha arde, mas pra gente tanto faz. Tem dia que tudo tanto faz.

Aí vem a noite e convida, envolve e as horas passam. Um momento de sono acontece e o dia seguinte se mostra tal qual como você se sente: com o Sol escondido. "Finalmente alguém como eu! Opaco, cinza, turvo,
sutilmente úmido,
fresco,
novo,
limpo..." Então eu percebi ali, naquele cumprimento matinal, que eu e o dia, em tudo o que somos, ambos podemos estar plenos!

Hoje quando acordei percebi que estava ultimamente tentando guardar minha luz só pra mim mesma, escondendo o meu brilho como se eu precisasse economizar energia, como se meu estoque fosse limitado.

Mas se o Sol é todo luz, energia e vida, não há o que precise esconder ou poupar! Há apenas o que irradiar, espalhar, vivificar, trocar, que a fonte se renova!
Nos dias em que o Sol se guarda, dentro ou fora do meu peito, existe sim a paz e tudo de bom que a vida irradia, porque independente do quão densa pareça a neblina, eu sei que existe um Sol atrás das nuvens.

Petisco: Carry on, do Angra. Fabulosa!