quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O Alienista


Nada aquém de brilhante, nada além de perfeito. Tal é a definição das obras de Machado de Assis, em minha opinião. A riqueza de vocabulário, aliada ao mais perfeito equilíbrio com a clareza das narrativas levam-me à conclusão – ainda que desconheça todos os autores clássicos brasileiros – de que este certamente abre vantagem sobre qualquer outro, em se tratando de qualidade literária.

O Alienista, conto magnífico, elaborado sobre questionamentos acerca de sanidade mental, apresenta características analíticas que vão desde hábitos diários a questões morais: pessoas de conduta exemplar são realmente “normais”? Manias aparentes e às vezes desconcertantes atos poderiam atestar insanidade?

A obra encerra em si o poder de nos levar a refletir sobre vaidades, Ciência, crenças e obviamente, a linha tênue que separa insanidade de loucura. Uma delícia que se saboreia em poucas horas, cuja digestão certamente leva muito mais tempo, graças à irrecusável entrega a que Machado de Assis nos submete.

Petisco: Maluco Beleza, de Raul Seixas.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Espécime


Mentalidade débil é a desses ditos homens,
Que subjugam o espécime da mesma espécie
Pela simples diferença de gênero.


Mentalidade débil desse dito Homo sapiens,
Que sente-se Sapiens sapiens e consciente de si,
Porém febril para saciar um desejo e obter um prazer efêmero.


"A gente faz o que sente".
Sentido ancestral, primitivo;
Selvagem, banal, ridículo.


Trazer à tona certos instintos é mascarar e deixar de evoluir.
E o macaco leva a culpa de uma mente pensante que em nada mais pensa
Além de se satisfazer pela carne, pelo sangue, pela morte e pela falta de raciocínio.


Mentalidade débil a do homem moderno,
Que como diria o poeta "sonha monumentos e só ruínas semeia".
Ruínas de ligas metálicas flexíveis, feitas em laboratório
O fazem sentir-se alquimista, exercer o poder oratório, notório...
Ilusório.


Nada sabem pois nada buscam saber,
Pois só pensam em se esconder.
Nada obtêm pois nada sabem reter.
Condenados infelizes,
Esses homens que vivem no "ter".







quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Minhas Tardes com Margueritte


No Meio do Caminho

Viver é estar sempre no meio do caminho. Pois como definir o ”chegar lá”, se estamos sempre buscando algo além? Tão logo quanto conquistamos um objetivo, surge na sequência outro e daí seguimos novamente: um novo desafio, um novo fôlego, uma nova vivência.

Viver é isso. É estar disposto a aprender sempre, é ser gentil sem se deixar desanimar pelo o que tantos outros possam dizer, é ser franco com o outro, mas sobretudo consigo mesmo.

Minhas Tardes com Margueritte é um filme que mostra isso: a beleza da vida, a clareza dos fatos e a complexidade das situações que criamos enquanto seguimos o caminho. Com a tradicional maestria poética dos franceses.



Petisco? 

sábado, 2 de novembro de 2013

A Mais Nova Estrela


Inaugurando a seção "Poemas": A Mais Nova Estrela. Os petiscos ficam sempre ao gosto do leitor.


A MAIS NOVA ESTRELA


Um servidor,

Um trabalhador,
Um homem.

Um pecador,

Um bebedor,
Um homem.

Merecedor

De muito amor.
Que homem!

A nós a dor,

Por ele se for,
Aquele homem.

Hoje o Céu recebe uma nova estrela

Que mora bem pertinho da Lua.
Sinto-me grata de qualquer maneira
Por admirá-la, nitidamente,
De qualquer ponto desta rua.

Porém retorno ao mundo carnal,

Onde o inferno é mais perto que o Céu.
Na esperança de que um dia afinal,
Eu também vá retirar esse véu.