sábado, 10 de novembro de 2012

Divulguemos!


BRASCRI (Associação Suiço-Brasileira de Ajuda à Criança): fundada em 11 de agosto de 1993 e estabelecida na região Sul da cidade de São Paulo (região da Capela do Socorro), seria basicamente uma casa de assistência ao Surdo, uma ONG, não fosse o belíssimo trabalho lá realizado.

Com estrutura para receber 40 alunos por ano letivo, caracteriza-se em preparar os frequentadores para o ensino regular. Os pais devem levar os filhos Surdos e estes permanecem em período integral para a execução de diversas atividades lúdicas e educativas, visando o aprendizado de LIBRAS.

Os alunos são divididos em quatro grupos, por faixa etária. Sendo assim o grupo 1 é de crianças que completarão 4 anos de idade, o grupo 2 para crianças que completarão 5 anos de idade e assim sucessivamente, até as crianças em pré-escola prestes a ingressar no Ensino Fundamental I. Os alunos são em sua maioria puramente Surdos, entretanto há casos de surdez decorrente de Paralisia Cerebral e também um caso de hiperatividade.

Tive a oportunidade de conhecer o espaço e conversar com Aida Regina, coordenadora do projeto há aproximadamente dois anos. Extremamente amorosa, mostrou-me as dependências e a estrutura utilizada para o desenvolvimento dos alunos: salas divididas por grupos, brinquedoteca, videoteca, refeitório, horta, parquinho, oficina de artes, quadra para atividades de educação física e desenvolvimento motor, além da parte administrativa.

Em entrevista, Aida declarou que uma das dificuldades encontradas na alfabetização do aluno é o fato dele geralmente ingressar tardiamente no meio educacional, se comparado à criança ouvinte, o que demanda de maior tempo e dedicação no trabalho de alfabetização e integração social.
 
Outro desafio é o absenteísmo: todas as atividades são totalmente gratuitas para os pais das crianças, que possuem apenas o dever de levá-las à BRASCRI pela manhã e buscá-las ao final do dia. Entretanto, ainda verifica-se que alguns alunos acabam faltando às aulas pelo fato de os pais julgarem por vezes que é desnecessária a frequência da criança Surda, por simples falta de informação e orientação pedagógica.
  
Como para a concretização do aprendizado em LIBRAS e o desenvolvimento da criança (Surda ou ouvinte) são imprescindíveis dedicação e integração familiar, a BRASCRI ministra cursos de LIBRAS aos pais (atualmente apenas duas crianças são filhas de pais surdos), além de reuniões semanais com o intuito de propiciar a eles o acompanhamento do desenvolvimento das crianças e da promoção e divulgação de eventos que visam integrar a família e sociedade não para aceitação do Surdo, mas para a superação de preconceitos que os segrega por ignorância.

Foram-me contados casos de sucesso como o de uma menina que foi mãe aos 13 anos de idade e seu filho, Surdo, era praticamente desprezado pela moça. Ele iniciou a frequência na BRASCRI aos 4 anos de idade e sua mãe lá o deixava demonstrando desinteresse em conversar com os educadores e em acompanhar o desenvolvimento do filho. Com o passar do tempo ela está aprendendo que o melhor caminho é o amor. Hoje ela participa das aulas de LIBRAS e apresenta simpatia e alegria em levar seu filho a um local com um objetivo tão nobre, onde certamente ele está desenvolvendo muito mais do que apenas um idioma, mas cidadania, respeito e auto-estima.

Fiquei emocionada e extremamente contente por conhecer tal espaço e visualizar de perto o trabalho que a equipe exerce: certamente são pessoas que trabalham por uma sociedade melhor.