terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Exposição sobre Renato Russo no MIS



Hoje vou falar da visita que fiz ao MIS, o Museu da Imagem e do Som. A exposição atual é sobre o Renato Russo, ícone do rock nacional e da música brasileira como um todo.

Quando você​ se dispõe a visitar a intimidade de uma pessoa dessas você pensa que vai ver muitas aventuras: afinal, um ícone do rock tem uma vida agitada, passagens pela polícia, se mete vez ou outra em conflitos políticos e é comparado com inúmeros outros artistas,  mas você nunca imagina o quanto essas aventuras tão distantes da sua vida e que parecem ter saído de um roteiro de cinema podem te atravessar a alma tão intensamente.

Será só imaginação minha aquele arrepio nos braços que senti logo na fila de espera para entrar na exposição? Pode ser mera expectativa da fã que eu sou assumidamente desde meus oito anos (ah, a aurora da minha vida!), mas... será?

Alguns objetos especificamente mexeram ainda mais com a minha estrutura de mero visitante que está ali apenas de passagem, curtindo uma tarde de terça-feira em que se entra de graça no museu. Teto e paredes forrados de cartas de fãs, hall de camisas, coleções de tarô e muitos, mas muitos manuscritos originais feitos por aquele que se foi cedo demais. 

Por vezes o corpo todo se arrepia, as pernas fraquejam, o ar falta aos pulmões e aquele nó na garganta brota como que uma bola de pelo de um gatinho. Mas eu, menos felina que os dois que vivem comigo, não saberia lidar com tudo o que estava ali, sem ao menos rememorar todas as canções, todas as canções, todas as canções que fizeram do meu mundo algo menos parecido com o que vejo e um pouco mais assim, mais do meu jeito.

Sensações que partem de fatos, fatos que partem de histórias, de potencial, de imaginação... de uma alma ariana sutil, sedenta de vida e arte e trancada, atada numa existência miseravelmente humana.

Almas arianas que gritam mudamente em forma de desenhos, personagens, enredos e dissertações que, em grande parte, não saem do papel. Pois é... Esse cara que estou descrevendo podia ser meu irmão, aquele que fez meu verão terminar cedo demais há exatos 23 meses na data de hoje. E eu, que nasci num 23, chego a pensar se, quem sabe, quase sem querer, as coincidências se integram neste ciclo vital infinito.

E dane-se o uso de palavras repetidas, mas recomendo a quem puder que se programe para visitar essa exposição multimídia (como tudo no MIS), pois é verdadeiramente impossível sair desse evento da mesma forma que se entrou, porque é igualmente impossível visitar o coração de um gênio ariano e sair de lá sendo apenas um pouco mais do mesmo.