domingo, 3 de junho de 2018

Treze de maio

O papel é um lindo que aceita tudo, inclusive a ideia de que somos livres.

A escravidão de negros, que é a mais próxima da história do Brasil, tinha o caráter físico de dominação, evidente, mas era um pouco mais cruel do que "apenas" físico.

Antes de trazer as pessoas para cá, os dominadores obrigavam os povos a dar sete voltas ao contrário da árvore-mãe de sua tribo, sabendo que isso simbolizava renegar sua força, sua ancestralidade, sua devoção e o cerne de sua existência neste mundo. Cruel.

Cruel e, sobretudo, ineficaz.

Assim como, para além do caráter econômico, em nossa escravidão contemporânea percebemos também o fator psicológico, o social, o cultural, etc..., temos a oportunidade de libertação ao nos ligar com nossa essência, que tudo é.

Seja por meio de um transe ritualístico, de um momento intenso de prazer, do calor de um abraço ou da paz de se atender interna e verdadeiramente, experimentamos a liberdade, ainda que estejamos aprisionados no corpo físico e sujeitos a todos os emaranhados de dominação que existem na matéria. Somos, portanto, verdadeiros escravos de espírito livre.

Parece confuso, mas já que o papel é democrático, a linda da Cecilia Meireles registrou em seus escritos o seguinte: "Liberdade: uma palavra que o sonho humano alimenta. Que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda."

Petisco: Canto das Tres Raças, na voz de Clara Nunes

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